BIBLIOTECA DE OEIRAS | AVISO ENCERRAMENTO DE SALA
A Sala de Leitura da Biblioteca de Oeiras encerra às 20h00 no dia 12 de dezembro
para preparação do Café com Letras com José Luís Peixoto às 21h00.
Vivemos um tempo marcado por sombras que se adensam, um tempo em que a violência simbólica e real reaparece com inquietante naturalidade e em que discursos que diminuem o valor da vida humana ganham palco sem pudor. Nesse cenário inquieto, a leitura deixa de ser mero hábito cultural e torna-se um ato de lucidez. Ao abrir um livro acende-se uma luz que resiste ao escuro, uma luz que recupera a memória das lutas passadas, alerta para as ameaças do presente e lembra que a dignidade não é negociável. Quando o mundo parece apertar, os livros devolvem espaço para respirar e para pensar, espaço onde os direitos humanos recuperam o seu significado mais profundo.
A literatura devolve rosto a quem foi apagado, devolve voz a quem foi silenciado, devolve complexidade às histórias que o quotidiano tende a simplificar. Ler um testemunho que expõe uma injustiça, mergulhar numa ficção que ilumina vidas invisíveis ou seguir um ensaio que desmonta violências normalizadas é como acender uma lâmpada interior que nos obriga a ver, e que por isso impede o esquecimento. A leitura age devagar, mas age sempre, fissura o medo e devolve espaço à empatia num tempo que tantas vezes convida ao afastamento.
Celebrar o Dia Internacional dos Direitos Humanos através da leitura é reconhecer que cada livro se transforma num gesto de resistência. Resistência contra o apagamento, contra a indiferença, contra a facilidade perigosa de aceitar a injustiça como inevitável. Quando o horizonte parece estreitar-se, as histórias alargam-no de novo. Mostram que a dignidade humana é frágil, mas não é fraca, e que cada leitor carrega consigo a possibilidade de reacender essa força. A leitura não salva o mundo sozinha, mas impede que o mundo se perca completamente de si. É nesse intervalo entre a sombra e a esperança que os livros se tornam indispensáveis.